Os Performáticos de Câmeras
de Vigilância
Agência
de Notícias Anarquistas-ANA
Parece
inacreditável – eu mesmo achei que era brincadeira –
mas alguém conseguiu pensar nisso: um grupo de performáticos
americanos criou uma pequena trupe dedicada exclusivamente a atuar
em frente de câmeras de vigilância. Os Performáticos
de Câmeras de Vigilância (Durveillance Câmera Players),
um misto de anarquismo militante, situacionismo extremado e bom humor,
existe em Nova Iorque desde 1995, e inspirou a fundação
de outros semelhantes no Arizona (EUA), São Francisco (EUA),
Bolonha (Itália) Estocolmo (Suécia) e Lituânia.
Os
grupos adotam a tática que chamam de “Programação
Guerrilheira de Equipamentos de Vigilância por Vídeo”.
Segundo texto disponibilizado em seu sítio, “um grupo
de indivíduos cria um cenário e atua usando as câmeras
de vigilância como se fossem suas, como se estivessem produzindo
seu próprio programa, e como se audiência consistisse
da equipe de segurança, polícia, diretores de escolas,
moradores de condomínios fechados, e os próprios produtores
e vendedores de sistemas de segurança.
O
grupo de programação guerrilheira pode escolher qualquer
câmera que achar conveniente e interessante, tendo em mente,
é claro, que algumas câmeras são monitoradas ao
vivo, enquanto outras gravam fitas que provavelmente serão
vistas apenas no caso de algum crime acontecer nas horas de seu funcionamento”.
(...)
O grupo pode escolher imitar as estruturas tradicionais do teatro,
cinema, comédia de TV ou documentário, ou jogar tudo
pro alto e improvisar. O grupo pode escolher um horário regular,
digamos, terça-feira às 8:30 da noite, para veicular
seu programa; ou em vez disso, resolver transmitir uma produção
de gala de 5 horas”. Algumas mudanças foram feitas no
programa original (“Hoje, os PCV concentram-se nas pessoas que,
por acaso, passam e vêem nossas performances”), mas a
idéia básica continua a mesma: atuar em frente a câmeras
de segurança.
É
isso mesmo: eles montam uma peça e apresentam-na diante da
câmera, como forma de mostrar a quem estiver no outro lado da
câmera que eles também estão sendo observados
e estudados; chamar a atenção das pessoas para a existência
das câmeras e a vigilância completa de suas vidas; levantar
questões como o uso de softwares de reconhecimento facial e
o fim da privacidade dos cidadãos; e trazer a público
fatos esquecidos pela sociedade do espetáculo (em termos baianos,
por exemplo, a revolta dos escravos em Ilhéus, em começo
do século XIX) ou outros que, infelizmente, não aconteceram
(ex.: a morte do jovem ACM numa briga de gangues no Campo da Pólvora).
As
peças seguem um esquema simples, podem ser usados textos/temas
já existentes – como, por exemplo, 1984 de George Orwell;
Psicologia de Massas do Fascismo, de Wilhelm Reich; Esperando Godot,
de Samuel Beckett; todos estes já representados; os performáticos
reúnem-se em frente à câmera escolhida; o mestre
de cerimônia anuncia o começo do espetáculo com
uma placa, voltada para a câmera, onde se lê: Surveillance
Câmera Player presents... Logo após, é erguida
outra placa com o título da peça, e começa o
espetáculo.
É
um teatro mudo; todo o “texto”, extremamente reduzido,
está em cartazes, erguidos pelos atores ou pelo mestre de cerimônias.
Todo o resto é feito a partir de cartazes pendurados nos pescoços
dos atores (como as placas “6079 SMITH W” e “4224
DOE J”, que identificam Winston e Julia em 1984), mímicos
(um “apontar coletivo” para a câmera é gesto
comum) ou máscaras.
Durante
a representação, outras pessoas podem estar distribuindo
material de denúncia ou de relexào, como, por exemplo,
Antonin Artaud e o Teatro da Crueldade; Software de Reconhecimento
Facial; Sobre a Webcam Opewrada em Público pelo Município
de Tempe; Arizona; Sobre a Vigilância Televisiva Sem Fio em
Nova Oirque; dentre vários outros. Também colam adesivos
sob as câmeras, indicando sua presença.
Um
Dia Internacional Contra as Câmeras de Vigilâncias
Você
é contra o uso de câmeras de vigilância em lugares
públicos?
“Os
Performáticos de Câmeras de Vigilância” estão
puxando um dia internacional de protesto contra as câmeras de
vigilância em lugares públicos, e a redução
das liberdades civis nos EUA e em outros lugares, no próximo
dia 11 de setembro.
Para
participar é fácil, durante a quarta-feira, 11 de setembro
de 2002, pare na frente de uma câmera de vigilância e
mostre o que você pensa. Lembrem-se, as câmeras não
registram som, então você terá que fazer gestos,
pantomima, palavras impressas e/ou retratos para passar sua mensagem.
Se
possível documente tudo, e divulgue em fanzines, jornais, webs
e tudo mais. Seja criativo! Não seja tímido! Não
tenha medo de demonstrar seu sentimento! Sua confiança inspirará
outros.
Mais
infos da campanha e ”d’Os Performáticos de Câmeras
de Vigilância”,
entre
no site: wwwnotbored.org Lá você encontrará fotografias,
vídeos
E-mail:
notbored@panix.com
Colaborou
ativamente: Manoel Bobfrip, de Salvador (Bahia)
Agência
de Notícias Anarquistas-ANA
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de Notícias Anarquistas-ANA
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