Entrevista com Hakim Bey na High
Times Magazine
High
Times - Hakim, de onde você é?
Hakim
Bey - Bem, a informação padrão (que é
tudo o que falo) é que eu era um poeta da corte um principado
sem nome do norte da Índia, que eu fui preso na Inglaterra
por um atentado anarquista a bomba e que eu vivo em Pine Barrens,
Nova Jersey, em um trailer da Airstream ( tradicional marca americana
de trailers). Quando venho a Nova York fico num hotel em Chinatown.
High
Times - O que é Zona Autônoma Temporária?
HB
- A Zona Autônoma Temporária é uma idéia
que algumas pessoas acham que eu criei, mas eu não acho que
tenha criado ela. Eu só acho que eu pus um nome esperto em
algo que já estava acontecendo: a inevitável tendência
dos indivíduos de se juntarem em grupos para buscarem a liberdade.
E não terem que esperar por ela até que chegue algum
futuro utópico abastrato e pós-revolucionário.
A questão é: como os indivíduos maximizam a liberdade
sob as situações nos dias de hoje, no mundo real? Eu
não estou perguntando como nós gostaríamos que
o mundo fosse, nem naquilo em que nós estamos querendo transformar
o mundo, mas o que podemos fazer aqui e agora. Quando falamos sobre
uma Zona Autônoma Temporária, estamos falando em como
um grupo, uma coagulação voluntária de pessoas
afins não-hierarquizadas, pode maximizar a liberdade por eles
mesmos numa sociedadade atual. Organização para a maximização
de atividades prazeirosas sem controle de hierarquias opressivas.
Existem pontos na vida de todos que as hierarquias opressivas invadem
numa regularidade quase diária: você pode falar sobre
educação compulsória, ou trabalho. Você
é forçado a ganhar a vida, e o trabalho por si só
é organizado como uma hierarquia opressiva. Então a
maioria das pessoas, todos os dias, tem que tolerar a hierarquia opressiva
do trabalho alienado. Por essa razão, criar uma Zona Autônoma
Temporária significa fazer algo real sobre essas hierarquias
reais e opressivas - não somente declarar antipatia teórica
a essas instituições. Você vê a diferença
que eu coloco aqui? No aumento da popularidade do livro, muitas pessoas
se confundiram com esse termo e usaram ele como um rótulo para
todo o tipo de coisa que ele realmente não é. Isso é
inevitável, uma vez que o próprio vírus da frase
está solto na rede (para usar metáforas de computadores).
Se as pessoas usam erroneamente ele ou não isso não
é tão importante, porque o significado está inscrustado
no termo. É como um vírus verbal. Ele diz o que significa.
HT
- Você pode explicar o terrorismo poético?
HB
- Por terorismo poético eu entendo ações não-violentas
em larga escala que podem ter um impacto psicológico comparável
ao poder de um ato terrorista - com a diferença que o ato é
uma mudança de consciência. Digamos que você tem
um grupo de atores de rua. Se você chamar o que você esta
fazendo de "performance de ruas", você já criou
uma divisão entre o artista e a audiência, e você
alineou de si mesmo qualquer qualquer possibilidade de colidir diretamente
nas vidas diárias da audiência. Mas se você pregar
uma peça, criar um incidente, criar uma situação,
pode ser possível persuadir as pessoas a participar e a maximizar
sua liberdade. É uma estranha mistura de ação
clandestina e mantira ( que é a essência da arte) com
uma técnica de penetração psicológica
de aumento de liberdade, tanto no nível individual quanto social.
http://www.pontodevista.jor.br/taz.htm
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